terça-feira, 10 de novembro de 2009

O valor das coisas que são

Qual o valor das coisas que são? Daquelas que realmente são. Não das que o dinheiro pode comprar, dos títulos que se possa ter, da posição na carreira. Daquelas que realmente contam, daquelas que quando falham o nosso mundo parece falhar com elas.

Hoje voltei a sentir o seu verdadeiro valor quando o meu dia começou com um verdadeiro susto.

Os meus doidos correm sempre na minha direcção todas as manhãs, mal abro a porta de casa, para me darem os bons dias. Mas hoje o Boris caiu inerte, mesmo à minha frente, no fim da corrida! O Boris, aquele poço de força, o melhor boxer que já passou pelo campeonato nacional de agility, o doido que ainda deita qualquer um ao chão para brincar e o encher de lambidelas gigantescas.

E com ele, caiu cada bocadinho de mim. A sua vulnerabilidade é a minha, a sua velhice é a minha também, o cair do pano.

Após uns breves instantes abriu os olhos e olhou para mim. Perguntava-me com aquele olhar confuso o que tinha acontecido. Não fui capaz de lhe dizer! Eu estava desfeito por dentro, mas ele não precisava saber. A sorrir, disse-lhe que estava tudo bem, para ele se levantar e brincar. Ele assim fez, continuando o doido do costume.

Não sei se ele tem a percepção de que tudo pode terminar num instante, de que aquilo que amamos nos pode ser tirado, de repente, sem termos o poder de fazer nada. Mas eu tenho! Por isso vos digo que não devemos perder momentos preciosos com coisas que não são as que são. Todos temos divergências com alguém importante nas nossas vidas, mas todos conseguimos amar e seguir em frente, juntos. Isso é o que verdadeiramente é!